Ativismo fora da internet

Fat Power

segunda-feira, janeiro 11, 2016

Você pode ver as fotos aqui.
Ensaio fotográfico sobre o processo do empoderamento da mulher gorda realizado por mim, Carine Martins, com as gordas Natalia Barchet, Leandra Cohen e Juliana Giacomini.    

O principal objetivo do ensaio é mostrar, através da fotografia, a constante luta da mulher gorda como indivíduo político e detentora de todos os direitos previstos em nossa constituição. Essa luta abrange questões como empoderamento, representatividade, ocupação de espaços públicos e o fim da negligência médica. Através da fotografia artística e da utilização de técnicas específicas buscou-se atrair a atenção do público e confrontá-lo com a realidade dessa minoria que sofre com a falta de representatividade e, principalmente, com a desumanização dessas pessoas que são fetichizadas, objetificadas e marcadas por preconceitos diários, baseados em estigmas reforçados pela mídia.
      As mídias funcionam tanto como mantedoras de uma cultura como podem ser a ferramenta para modificá-las, como afirma Morin (1996, p.48): “os indivíduos produzem a sociedade, que produz os indivíduos”. Assim, o presente trabalho objetiva mostrar o olhar de mulheres que vivenciam a realidade diária desta minoria, garantindo um viés interno da luta, afastando possíveis estereótipos ou informações fantasiosas e assegurando lugares de fala e representatividade.
      O projeto se trata de 11 fotografias que em ordem representam o processo de empoderamento das mulheres gordas. Essa ordem se inicia trazendo signos que mostram a atuação da sociedade e a reprodução de opressões que levam as pessoas gordas a se odiarem e não se encaixarem socialmente; em seguida há a revolta desta minoria e a busca pelo seu lugar e empoderamento. Por fim, há, com cores vivas e sorrisos descontraídos, a descoberta de que amar a si mesmo é necessário e libertador.

Parte importante da descrição do produto é a resposta que obtivemos das participantes e do público em geral que conheceu o projeto através das redes sociais online. Uma declaração de uma das participantes após ver uma das fotos resume os objetivos e os resultados que o projeto obteve:

      Durante o desenvolvimento deste trabalho, nós, mulheres gordas, pudemos conversar sobre nossas pautas, refletir sobre nossa realidade, fazer considerações e, através de tudo isso, planejar e desenvolver um ensaio fotográfico que expusesse aspectos que só a vivência pode permitir. Não foi apenas um estudo de uma minoria, foi uma reflexão sobre nosso próprio lugar na sociedade.
      A tentativa de trazer mais consciência e empatia para as pessoas trouxe bons resultados, mas o mais importante foram as pessoas gordas que se viram representadas e passaram a enxergar a si próprias de forma mais carinhosa. A fotografia, assim como outras mídias, possui um poder transformador quando utilizada pelas minorias sociais. Representar a mulher gorda, os estigmas aos quais está submetida e o processo que leva ao amor pelo próprio corpo é redefinir valores de autoaceitação. É proporcionar a muitas a possibilidade de não mais se culparem por serem quem são, de se libertarem de estereótipos e de não mais aceitarem prejulgamentos.

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